Maior tenista brasileiro da Era Aberta, com uma carreira brilhante e uma simpatia que conquistou o mundo, Gustavo Kuerten teve seu auge no final da década de 1990 e no início dos anos 2000, atraiu uma nova legião de fãs e colocou o tênis no dia a dia do país. Três vezes campeão de Roland Garros e número 1 do mundo, Guga colecionou títulos e feitos no circuito, enfrentando e vencendo os grandes nomes de sua geração. Ele encantou todos os que o conheceram, desde os primeiros anos, passando pelo topo e até a aposentadoria.
Filho de Alice Kuerten e Aldo Kuerten, jogador amador e juiz de tênis, Guga nasceu em Florianópolis no dia 10 de setembro de 1976. Incentivado pelo pai, começou no tênis logo cedo, aos 6 anos de idade. Dois anos depois, teve que enfrentar a morte do pai devido a um ataque cardíaco, enquanto arbitrava um torneio juvenil em Curitiba, algo que mudaria sua vida e o levaria a ser treinado por Larri Passos, responsável por levá-lo de um garoto aspirante a tenista profissional até o topo do ranking da ATP.
Seu primeiro treinador foi Paulo Allebrandt, mas após a morte de seu pai, Larri entrou em sua vida para cumprir uma promessa que havia feito a Aldo Kuerten e passou a trabalhar com Guga, quanto ele tinha 14 anos, ocupando um grande espaço na sua vida, pois conviveu com ele durante toda a juventude, muito mais do que qualquer outro ente familiar.
Já como juvenil, ele teve bom destaque, venceu cinco títulos de expressão internacional, dois deles em 1993 e outro três em 1994, fechando a carreira no juvenil com uma grande sequência: venceu a Copa Gerdau, a Copa Banco Economico e foi vice-campeão do Orange Bowl, somando 17 vitórias seguidas até perder para o equatoriano Nicolas Lapentti na final na Flórida.
Em 1995, sua carreira profissional começou, aos 19 anos. Logo no ano seguinte ele fez parte da equipe brasileira que fez o país alcançar a primeira divisão da Copa Davis, o que o colocou em posição de destaque no Brasil. Ainda em 1996, entre outros torneios, o catarinense conquistou seu primeiro título de challenger, em Campinas.
A temporada que mudou drasticamente a trajetória de Guga no tênis veio em 1997, quando ainda era um desconhecido do grande público e venceu seu primeiro título em Roland Garros, surpreendendo o Brasil e o mundo todo. À época, ele ocupava apenas a 66ª posição do ranking da ATP e para triunfar no saibro parisiense teve que deixar pelo caminho grandes nomes, derrotando o já duas vezes campeão do torneio Sergi Bruguera na final. O título trouxe projeção mundial ao catarinense, que não parou por aí e seguiu trilhando um caminho ainda mais brilhante.
Alçado ao panteão dos ícones do tênis brasileiro e mundial, Guga foi conquistando cada vez mais fãs com seu carisma e transformou o tênis em febre nacional com os grandes resultados. Nos anos seguintes foi somando títulos e marcas históricas para o esporte nacional, com destaque para o tricampeonato de Roland Garros, erguendo mais dois troféus em Paris (2000 e 2001) e a incrível conquista da Masters Cup, atual ATP Finals, alcançando a liderança do ranking pela primeira vez ao sagrar-se campeão em Lisboa no evento que reúne os melhores da temporada, batendo os norte-americanos Pete Sampras, nas semifinais, e Andre Agassi, na decisão, para chegar ao topo do mundo.
Além dos três títulos em Roland Garros, ele chegou às quartas de final duas vezes no US Open (1999 e 2000) e uma vez em Wimbledon (1999). Já no Australian Open, nunca passou da terceira rodada. Durante a carreira, somou 358 vitórias em simples e 20 títulos em nível ATP, com destaque para a temporada de 2001, a mais vitoriosa como profissional, na qual ergueu seis taças: Buenos Aires, Acapulco, Monte Carlo, Roland Garros, Stuttgart e Cincinnati.
Porém, depois de um ano tão vitorioso, vieram as dores no quadril, as cirurgias e a queda de rendimento. Foram apenas mais quatro títulos conquistados entre 2002 e 2004. A partir de 2005, foram poucas competições, seguindo na mesma toada em 2006, 2007 e 2008, o ano de sua despedida oficial, que aconteceu em 25 de maio, na quadra central do campeonato que consagrou Guga, no saibro de Roland Garros.
Durante seus quase 20 anos de carreira, além dos títulos de simples e das 43 semanas na primeira posição do ranking da ATP, o catarinense também colecionou participações na Copa Davis, foram 23 confrontos durante 11 anos, com destaque para as semifinais alcançadas em 2000, com vitórias sobre a França e a Eslováquia para perder para a Austrália na penúltima rodada. Ao todo, ele acumulou 34 vitórias, 21 em simples e 13 nas duplas. Guga também defendeu o país em duas edições dos Jogos Olímpicos, foi às quartas em Sydney 2000 e caiu na estreia em Atenas 2004. Nas duplas, foram 108 vitórias na ATP e oito títulos.