Nascida em Alagoas e radicada no Paraná, Teliana Santos Pereira tem uma das histórias de maior superação do tênis brasileiro. Criada no pobre município de Águas Belas, no semiárido pernambucano, teve de superar uma infância à margem da miséria antes de triunfar no esporte. Tudo começou quando seu pai, José Pereira da Silva, decidiu largar a vida de cortador de cana para migrar com a família para tentar a sorte em Curitiba, quando ela tinha apenas oito anos. O destino o fez arrumar um emprego de servente de pedreiro na construção de uma academia de tênis e foi assim que começou a relação de Teliana com o esporte.
Após a obra, o pai acabou sendo contratado para cuidar do local: arrumava, limpava, atendia no bar. Teliana, que até então nunca havia estudado, começou a frequentar a escola e à tarde ajudava na academia com os irmãos, entre outras coisas, pegando bolas. Quando algum aluno faltava e tinha a oportunidade, ela entrava em quadra para completar e foi assim que o proprietário do estabelecimento, o francês Didier Rayon, percebeu que levava jeito para o tênis. Aos dez anos, participou de seu primeiro torneio, mal conhecia bem as regras e contava com uma pessoa para ajudá-la com os pontos que fazia. Foi assim que descobriu que havia sido a campeã.
Aos 14, Teliana já era a número 1 do ranking brasileiro na categoria de 18 anos. Um ano depois venceu seu primeiro torneio juvenil, o Bahia Open. Em sua última temporada como juvenil, em 2006, teve grande sucesso, conquistou três títulos e chegou a ser a número 12 no ranking mundial da ITF. Ao mesmo tempo, dava os primeiros passos no circuito profissional, vencendo sua primeira partida de future em Campos do Jordão, em 2003, com apenas 15 anis de idade. Sempre muito dedicada, conquistou seus primeiros títulos aos 18 anos, com três taças levantadas na temporada de 2006.
Estava em sua melhor fase em 2009, quando duas lesões no joelho a afastaram da quadra. Passou por duas cirurgias e ficou um ano e meio parada. Durante o processo de recuperação, perdeu os patrocinadores e para voltar a jogar precisou da ajuda dos amigos, chegando a fazer rifas para financiar seu sonho. Passou por tempos difíceis e teve que voltar de baixo, jogou qualis de futures no começo, mas não demorou muito para reencontrar o caminho das vitórias, conquistando em outubro de 2010 seu primeiro título desde o retorno. A partir de então foi escalando o ranking para chegar ao top 100 pela primeira vez em 2013.
Teliana se firmou entre as principais jogadoras do circuito por quatro temporadas, até 2016, quando apareceu pela última vez no top 100. Nesse período obteve grandes conquistas, talvez a maior delas a de quebrar um jejum de 27 anos no tênis feminino ao ser campeã do WTA de Bogotá, em 2015, que foi disparada sua melhor temporada. Neste ano, ela também foi campeã do WTA de Florianópolis e alcançou sua maior marca no ranking, a 43ª colocação. Disputou todos os quatro Grand Slam, mas só conseguiu vitórias em Roland Garros, o seu torneio favorito, indo até a segunda rodada em 2014, 2015 e 2016.
Enfrentou alguns dos principais nomes de sua época, com destaque para a norte-americana Serena Williams, a algoz em sua última participação no Grand Slam francês. Também mediu forças com outras duas ex-número 1 do mundo, a sérvia Ana Ivanovic e a romena Simona Halep. A maior vitória da carreira foi contra a então 27 do mundo Elina Svitolina, em sua campanha rumo ao título de Bogotá. Uma das jogadoras que mais defendeu o Brasil pela Billie Jean King Cup, ela participou de 26 confrontos e venceu 26 partidas (17 em simples e 9 nas duplas). Teliana teve o privilégio de disputar os Jogos Olímpicos do Rio e também esteve nos Jogos Pan-americanos do Rio, conquistando a medalha de bronze com Joana Cortez.